Relato pessoal e intransferível de um anarquista/autonomista infiltrado no Palácio do Governador

por Paulo Rocha

O Governador fez um chamado urgente para que o COPAC(Comitê Popular dos Atingidos pela Copa) fosse ao Palácio conversar sobre as manifestações. O COPAC preocupado em não ser o protagonista ainda mais com as atuais movimentações de Belo Horizonte (como a Assembleia Horizontal Popular de Belo Horizonte) fez uma chamada, também urgente, a diversos movimentos de BH para que fossemos juntos a essa reunião. No caso eu fui representando eu mesmo e quem sabe uma possível voz anarquista/autonomista…
É bem engraçado ser recebido por uma figura do Estado e ver certas instâncias do poder tão de perto (e sinceramente, não há nada ali que eu gostei…). O governador é de fato uma pessoa bem educada mas a todo instante fez questão de reforçar que a polícia só agiu como agiu pois foi atacada. Grande parte da conversa foram os relatos da força abusiva da policia, da sua ação desastrosa e de como a força policial fez questão de fazer terrorismo de estado, inclusive posteriormente dizendo que quem saisse nessa quarta-feira seria "suicidio". Obviamente o que o Anastasia fez foi tentar contornar isso, dizendo que sua PM é uma dos melhores do país.
Conversamos sobre o perímetro da Copa, coisa em que ele se mostrou impassível. Porém tentamos minimamente tirar o peso simbólico dos massacres anunciados que ocorreram durante 2 vezes na Abrahão Caram.

Por fim, exigimos que o governo de Minas Gerais esteja aberto a receber uma mesa de negociação permanente sobre as deliberações tiradas da Assembleia Popular de Belo Horizonte.

Tudo isso foi protocolado em uma ata que fizemos e ele assinou! (em breve colocaremos isso escaneado)
Depois disso fomos para uma coletiva de impressa, que pode ser vista nos links: http://twitcasting.tv/pos_tv/movie/14628227 e http://twitcasting.tv/pos_tv/movie/14628329.

No mais guardarei para sempre a lembrança de ir ao Palácio do Governador e tomar o café ruim que eles nos serviram, da sensação de estar exposto ao poder, da bela pintura de teto que há na sala de reunião e principalmente de poder dizer ao governador e ao chefe de polícia que a PM e o Estado é violento, que agiu de maneira desproporcional e principalmente que não se deve criminalizar pessoas com o rosto coberto (adorei quando eles disseram que viram videos de pessoas vestidas de preto, prontas a serem "vândalos" ). Já no final o governador afirmou que eu era o mais nervoso e que curso eu tinha feito, respondi que era Filosofia, e ele disse "então você deveria ser o mais calmo"…. respondi que só era combativo e fugi dali com medo!

Das deliberações:

Não respondemos por todas as pessoas na manifestação;
As manifestações devem ocorrer em clima pacífico;
A resposta da Polícia Militar deve se limitar àqueles que agredirem a Polícia;
Foi acordado que na Avenida Abrahão Caram, no local originalmente previsto como ponto de bloqueio das manifestações, seja instalado apenas uma barreira física, sem a presença de barreira humana (Policiais Militares ); os militares guardarão distância considerável;
Para o ato desta quarta-feira (26) será criado uma comissão sintética de acompanhamento das manifestações composta por um membro mediador da própria manifestação e um membro da Polícia Militar;
O governador se pronunciará garantindo o exercício da livre manifestação e a segurança dos manifestantes;
Será aberta uma mesa de negociação com as pautas reivindicatórias deliberadas pela Assembleia Popular Horizontal onde serão indicados um representante para cada plataforma de reivindicação;
Está prevista nova reunião com o Governador e a mesma composição desta, para apresentação das pautas levantadas pela Assembleia Popular Horizontal.

(repito é um relato pessoal e não representa ninguém, além de mim mesmo)

Unless otherwise stated, the content of this page is licensed under Creative Commons Attribution-ShareAlike 3.0 License