26/06 Abuso Policial

Relato recebido em 29 de junho
por M.L.

Na última quarta-feira, dia 26 de junho, participei da manifestação que ocorreu em Belo Horizonte. Como bem se sabe, caminhamos pacificamente até a pampulha e, quando lá chegamos, nos encontramos com alguns manifestantes que lá já estavam e presenciamos toda aquela situação caótica de confronto entre a polícia e alguns manifestantes. De certa forma o confronto visava atingir a todos, diante dos ataques desmedidos e truculentos aos presentes.

Eu já havia participado de outros atos e, no segundo, ocorrido em uma segunda-feira, por não estar devidamente preparada para enfrentar tal situação, inalei uma grande quantidade de gás lacrimogêneo. Com isso, decidi comprar uma máscara anti gases para me precaver, caso houvesse uma situação parecida nas próximas manifestações e, também, porque estudo artes e já estava precisando mesmo de uma.

Retomando, ao voltar para a casa, na referida quarta-feira, 26, com mais dois amigos, depois de perceber que o ambiente na pampulha oferecia alto risco, passamos pela praça Sete de Setembro e, por volta das 19 horas, havia uma equipe da polícia militar revistando as mochilas e bolsas de quem transitava pelo local. Ao passar pela Afonso Pena, na altura entre rua Espírito Santo e Rua da Bahia, um deles pediu para que olhasse a minha mochila praticamente abrindo à força e revirando meus objetos pessoais. Após esse comportamento, eu disse que eles não tinham o direito de fazer isso e eles chamaram sua tenente, que chegou de maneira hostil e apreendeu minha máscara. Quando isso aconteceu, eu tentei dizer que ela não tinha o direito de reter um objeto meu, de uso pessoal, do qual eu tenho nota fiscal, que não oferecia risco nem para mim nem para a sociedade, cujo uso não era proibido pela nossa legislação, que não era ofensivo, e, sim, defensivo, mas ela não se abriu a um diálogo e, sem nenhum embasamento ou respaldo legal, levou minha máscara.

Após, tentei, mais uma vez, dialogar, para saber para onde iam os objetos apreendidos porque eu gostaria de reaver o meu, mas ela foi extremamente intolerante e, quando percebeu que eu estava gravando nossa conversa, tampou sua identificação. Durante todo aquele tempo, apesar de muito nervosa com a situação, eu tentei manter a calma ao conversar com a tenente, mas ela, em momento algum deu abertura para um diálogo, sendo ele qual fosse. Me empurrou e pediu para que eu "vazasse" dali. Quando eu a disse que ela não tinha direito de tocar em mim daquela forma, ela me deu voz de prisão e pediu para que o policial me mantivesse detida. Mais uma vez eles quiseram olhar minha mochila, mas, dessa vez, queriam a levar para longe. Ao perceber isso, eu disse que conhecia muito bem meus direitos e informei que eles não poderiam fazer aquilo, que poderiam verificar minha mochila, mas na minha frente e que eu tinha direito a testemunhas presenciando a averiguação. Eles desistiram de averiguar minha mochila e pediram para que eu fosse embora dali, me disseram que seria melhor para mim. Gravei tudo, em áudio. Eu gostaria de saber como me portar diante disso, não somente porque me senti lesada, constrangida e com meus direitos violados, mas, principalmente, porque gostaria de recuperar minha máscara.

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